segunda-feira, 18 de julho de 2016

Lançamento do documentário TU FLIPAS, OLINDA?

No próximo sábado 23 de julho, a Submundo Produções em parceria com a Cinematologia e a Casa do Cachorro Preto, apresentam  a festa de lançamento do vídeo TU FLIPAS, OLINDA? Um documentário sobre o skate de Rua Olindense. A festa acontecerá na Casa do Cachorro Preto (Olinda-PE) a partir das 20h, com entrada custando R$5,00. Além da exibição do Doc, também vai rolar shows, com Dj Kleyton Abrão, Hebert Lost, Geldson PicaPau e sorteio de brindes para o público.
O Picos e Pistas resolveu trocar uma ideia com o skatista e diretor do vídeo, Thiago Barros “Batata”, o cara falou um pouco sobre a produção do documentário, a expectativa do lançamento e sobre o skate olindense... Dá uma conferida


Thiago Siqueira Pontes de Souza Barros, Diretor do Documentário, 23 anos e 8 dedicados ao skate.



P&P - Como surgiu a ideia do vídeo “Tu Flipas, Olinda”? Existiu um roteiro prévio ou a concepção de ser um documentário veio durante as filmagens? 
Sempre tive a ideia de fazer um vídeo de skate, desde o momento em que comecei a andar e trabalhar com edição, com 15 anos. Comecei a editar uns videos bem toscos na época, lembro que usava o movie maker, mas de qualquer forma isso me deu uma base, um primeiro passo pra me familiarizar com programas profissionais posteriormente, como o adobe première, que utilizo até hoje. Paralelamente a isso, eu começava a andar de skate: mudou completamente minha vida e minha visão de mundo, resumindo. Assistia muitos videos na época, era um viciado. Assistia tanto pra aprender manobras, quanto pra estudar a forma como os vídeos eram filmados e editados. Quando comecei a andar de skate por Olinda, senti algo completamente diferente dos outros picos que frequentava. Eu não sei explicar o amor e a vibe que tenho por essa cidade, mesmo morando em Recife, é surreal. Entrei na faculdade já apostando na área de audiovisual e comecei a aprender e aprimorar ainda mais as técnicas de edição e filmagem. O tempo ia passando e o que mais me preocupava era o TCC. Sabia que queria fazer algo relacionado ao skate, mas não sabia o quê. Quando consegui comprar minha câmera, tive a ideia de unir todas as minhas paixões numa coisa só. Resolvi fazer um video sobre o skate de rua olindense. Queria algo bem produzido, que pudesse servir de exemplo de qualidade no futuro. Minha ideia era mostrar que em Olinda tem uma cena de street, que tá em constante crescimento, além de mostrar a relação dos skatistas entrevistados com o esporte, a cidade e os pontos positivos e negativos de andar pela cidade do farol. Isso tudo é abordado na forma de um documentário, gênero que achei mais apropriado pra mostrar toda essa bagagem de informação, coisa que ninguém havia explorado antes. A ideia do nome veio da minha cabeça mesmo. Não queria um título enlatado, com nome em inglês, sei lá. Queria algo puxado pro regional, visto que a cidade é recheada de cultura, história e tem uma identidade muito forte. Não dá pra deixar isso passar batido. É como se perguntassem pra cidade se ela anda de skate, se tem skate de rua lá. O flip é uma das manobras mais icônicas do street e eu quis abrasileirar a ideia, gerando o título-pergunta. Eu achei meio tosco na hora, mas mudei de opinião quando a galera achou interessante. Fui muito elogiado na hora da defesa do trabalho. Não imaginava que iria ter tanta repercussão positiva. Mesmo sendo um vídeo voltado pra um público específico, pra quem anda de skate e vive a parada, até a galera que é leiga no skate, mas que entende de audiovisual, ficou de cara com o resultado. Não tô querendo exagerar ou me gabar, mas foi realmente o que aconteceu. Deu certo de alguma forma hahaha. Sobre o roteiro, o que existiu concretamente, foram as perguntas pros entrevistados. O resto, deixei fluir naturalmente durante as filmagens e creio que deu um material interessante.



P&P - Você foi o responsável por idealizar, filmar e editar tudo? Quanto tempo durou para finalizar todo o projeto?
Sim. Levei 4 anos pra chegar no projeto final. 2 anos de pré-produção (elaboração das ideias),  1 de produção (filmagens) e 1 de pós-produção  (edição e finalização). Foi todo o tempo que fiquei na faculdade. Juntava a grana do trampo que nem louco pra comprar os equipamentos que queria pra esse vídeo. A trilha sonora do video, que é original, também levou um tempo pra ser finalizada. Me dediquei ao extremo. Demorou mas saiu.



P&P - Como foi à escolha dos skatistas que iriam participar do documentário? Na lista tinha mais convidados ou quem foi chamado para participar, topou logo de primeira?
Queria uma galera que tivesse tanto um rolê style, quanto um conteúdo informativo pras entrevistas. A experiência de cada um dos entrevistados fez a diferença. No vídeo você nota os diferentes níveis de skate e ideias. Eu queria isso, mostrar diversidade. Mostrar como eles se expressam e como interagem com a cidade. No começo tinham uns 8, mas tive que cortar 3 por indisponibilidade de tempo deles. Mas, os que chamei, acharam foda a ideia e aceitaram de primeira. Fiquei bastante satisfeito com a escolha.


P&P - Pelo o que foi visto no teaser, existiu um cuidado na fotografia dos Picos (locais) onde foram feitas as filmagens. Você escolheu ou deixava o skatista livre pra decidir o melhor lugar pra manobrar?
Foi uma parceria minha com o skatista. Gosto de trabalhar assim. Eu olhava o pico, via que dava uma imagem massa, o skatista analisava, concordando ou não. Dependia da sua aprovação. O contrário também rolava. Acho que quando se trata de video de skate, tem que sempre existir essa parceria entre o videomaker e o skatista. É um jogo de decisões em equipe: a forma como vai filmar, a manobra, a linha, o obstáculo...tudo isso é analisado por ambos, e acho que isso que faz a diferença na qualidade do produto final, essa junção de ideias e experiências.


P&P - Sabemos que não é fácil filmar em rua, alguns fatores como o clima/tempo, pedestres, seguranças e ladrões interferem nas gravações.  Sabendo disso, rolou algum stress de não filmar em algum lugar? Teve alguma baixa durante as filmagens, alguém se machucou o algum equipamento foi danificado? 
Quando eu falo que esse foi o trabalho mais insano que já fiz, não é mentira. É difícil explicar o quão difícil foi todo o processo de filmagem. Foi meu primeiro documentário e video de skate. Só quem participou, sabe como foi. Olinda realmente é uma cidade “bem lostzinha” (salve CJ Bode). Tem seus pontos positivos e negativos, como qualquer outra cidade. Mas o fato ser uma cidade histórica, dificulta muito a filmagem e execução das tricks. A estrutura não é boa, tem muitos buracos, muita areia. Salvo alguns locais. O descaso e a precariedade da administração da prefeitura também conta. A gente saía de ônibus pros picos (manhã-tarde-noite), com equipamentos na bolsa, que não são baratos, correndo o risco de ser assaltado a qualquer momento. Foi tenso pra caralho. Graças a Deus/Jah/Buda/Jesus/Tupã/Forças espirituais, ou seja lá o que for, que não aconteceu nada de grave comigo, com os equipamentos ou com os skatistas durante as filmagens. No video dá pra notar a dificuldade durante as gravações, mas no final, creio que consegui um bom resultado. 



P&P – Qual foi sensação de ver a repercussão positiva que o teaser do documentário teve, sendo elogiado e compartilhado por centenas de skatistas pernambucanos e também de outros estados, inclusive, indo parar na fanpage do site Black Media?
É tudo muito louco. Pra mim é um começo, um primeiro passo mesmo. A gente sabe que existe uma carência na produção audiovisual de skate, não só em Olinda, como em Pernambuco todo. É complicado fazer um video aqui, pq a gente que vive a coisa sabe das dificuldades de se produzir um material de boa qualidade. Eu investi pesado nesse video. Me sacrifiquei o máximo, fui até o meu limite mesmo. Creio que todo meu  esforço em aprender a filmar, editar, andar de skate e conseguir os equipamentos, teve um reflexo positivo, ainda mais com o lançamento desse teaser. Acho que o reconhecimento do seu trabalho vem naturalmente, através de cada gota de suor derramada. O fato de o teaser ter sido bastante elogiado e compartilhado, só traduz ainda mais esse reflexo do esforço. Creio que quem me conhece, sabe que me dedico ao extremo num trabalho, viso primeiramente o material pronto e não a grana. Isso é de mim mesmo. De que adianta receber rios de grana, se você não ajuda a comunidade em que tá inserido? Não se entrega totalmente pra um trabalho de corpo e alma, visando desenvolver o cenário em que você tá situado? Eu queria ajudar de alguma forma a minha comunidade, a tribo que tô inserido, a ter voz, a mostrar que realmente existe uma cena na região. Foi o meu foco. E acho que consegui de alguma forma. Só agradeço de coração a todos que compartilharam a ideia, pois de alguma forma, essas pessoas estão contribuindo para o fortalecimento, não só do esporte aqui na região, mas também de toda uma cultura. 


P&P - O que você espera do lançamento oficial e o que o doc vai deixar de positivo para o skate olindense?
Eu espero que tenha um feedback positivo, que não dê nenhuma merda na hora da exibição hahaha. Querendo ou não, acho que esse evento do dia 23 também representa um começo. Dificilmente a gente vê uma première de um video local e acho que com essa iniciativa, novas portas vão se abrir. Espero que com o lançamento deste video, apareçam novos e mais produtores audiovisuais de skate na região, assim como cresça e se fortaleça ainda mais essa cena em Olinda. Seria muito louco mostrar esse documentário pra skatistas de outras regiões do Brasil. Imagina se Olinda vira um pico rotineiro pra skatistas de peso de todo o país, apesar de todas as suas dificuldades? Nunca se sabe né? Quero que esse doc seja exibido em festivais e canais de televisão antes de ir pra net, visando divulgar ainda mais o nosso cenário.


P&P - Para finalizar, Olinda Flipa?
Apesar de todas as suas dificuldades, flipa até demais meu caro.


3 comentários:

  1. Grande entrevista com o grande mano potato lost, hehe, muito bom ver alguém que se identifique com a nossa cena e faça um corre verdadeiro por nós, afinal, se não for nós por nós quem será? skatista que espera retorno sem esforço sem correr atrás pra mim é só skatista preguiçoso mesmo, as conquistas vem de acordo com a busca como Thiago mesmo falou ai na entrevista, fico muito feliz em encontrar alguém que tenha tanta vontade de fazer com que nosso skate seja reconhecido, que faça isso com amor e nobreza, no teaser já deu pra sentir que não foi mais uma brincadeira, Ty Evans era menino hahahah Só sucesso pra os nossos e que esse seja só o começo de um novo tempo pra nosso skate, que cá entre nós, já era hora né?! Abraço A P&P e a meu mano potato, todos por um causa, skateboard <3 Já deu certo e a tendência é melhorar, assim espero hehe o/

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  2. Do caralho a entrevista , nem parece que foi Batata que respondeu tendo em vista que ele era o mais caladão nos roles e o que menos falava (quase nunca) nas resenhas via internet.
    Esse dia vai marca o nascimento de um novo cenário no skate olindense.
    Parabéns a todos envolvidos

    Tamo junto

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  3. Estou curioso para vê Tu Flipas, Olinda?!!!

    Lau

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