No próximo sábado 23 de
julho, a Submundo Produções em parceria com a Cinematologia e a Casa do Cachorro
Preto, apresentam a festa de lançamento
do vídeo TU FLIPAS, OLINDA? Um documentário sobre o skate de Rua Olindense. A
festa acontecerá na Casa do Cachorro Preto (Olinda-PE) a partir das 20h, com
entrada custando R$5,00. Além da exibição do Doc, também vai rolar shows, com
Dj Kleyton Abrão, Hebert Lost, Geldson PicaPau e sorteio de brindes para o
público.
O Picos e Pistas
resolveu trocar uma ideia com o skatista e diretor do vídeo, Thiago Barros “Batata”,
o cara falou um pouco sobre a produção do documentário, a expectativa do
lançamento e sobre o skate olindense... Dá uma conferida
Thiago Siqueira Pontes de Souza Barros, Diretor do Documentário, 23 anos e 8 dedicados ao skate.
P&P - Como
surgiu a ideia do vídeo “Tu Flipas, Olinda”? Existiu um roteiro prévio ou a
concepção de ser um documentário veio durante as filmagens?
Sempre tive a ideia de
fazer um vídeo de skate, desde o momento em que comecei a andar e trabalhar com
edição, com 15 anos. Comecei a editar uns videos bem toscos na época, lembro
que usava o movie maker, mas de qualquer forma isso me deu uma base, um
primeiro passo pra me familiarizar com programas profissionais posteriormente,
como o adobe première, que utilizo até hoje. Paralelamente a isso, eu começava a
andar de skate: mudou completamente minha vida e minha visão de mundo,
resumindo. Assistia muitos videos na época, era um viciado. Assistia tanto pra
aprender manobras, quanto pra estudar a forma como os vídeos eram filmados e
editados. Quando comecei a andar de skate por Olinda, senti algo completamente
diferente dos outros picos que frequentava. Eu não sei explicar o amor e a vibe
que tenho por essa cidade, mesmo morando em Recife, é surreal. Entrei na
faculdade já apostando na área de audiovisual e comecei a aprender e aprimorar
ainda mais as técnicas de edição e filmagem. O tempo ia passando e o que mais
me preocupava era o TCC. Sabia que queria fazer algo relacionado ao skate, mas
não sabia o quê. Quando consegui comprar minha câmera, tive a ideia de unir
todas as minhas paixões numa coisa só. Resolvi fazer um video sobre o skate de
rua olindense. Queria algo bem produzido, que pudesse servir de exemplo de
qualidade no futuro. Minha ideia era mostrar que em Olinda tem uma cena de
street, que tá em constante crescimento, além de mostrar a relação dos
skatistas entrevistados com o esporte, a cidade e os pontos positivos e negativos
de andar pela cidade do farol. Isso tudo é abordado na forma de um
documentário, gênero que achei mais apropriado pra mostrar toda essa bagagem de
informação, coisa que ninguém havia explorado antes. A ideia do nome veio da
minha cabeça mesmo. Não queria um título enlatado, com nome em inglês, sei lá.
Queria algo puxado pro regional, visto que a cidade é recheada de cultura,
história e tem uma identidade muito forte. Não dá pra deixar isso passar
batido. É como se perguntassem pra cidade se ela anda de skate, se tem skate de
rua lá. O flip é uma das manobras mais icônicas do street e eu quis
abrasileirar a ideia, gerando o título-pergunta. Eu achei meio tosco na hora,
mas mudei de opinião quando a galera achou interessante. Fui muito elogiado na
hora da defesa do trabalho. Não imaginava que iria ter tanta repercussão
positiva. Mesmo sendo um vídeo voltado pra um público específico, pra quem anda
de skate e vive a parada, até a galera que é leiga no skate, mas que entende de
audiovisual, ficou de cara com o resultado. Não tô querendo exagerar ou me
gabar, mas foi realmente o que aconteceu. Deu certo de alguma forma hahaha.
Sobre o roteiro, o que existiu concretamente, foram as perguntas pros
entrevistados. O resto, deixei fluir naturalmente durante as filmagens e creio
que deu um material interessante.
P&P - Você
foi o responsável por idealizar, filmar e editar tudo? Quanto tempo durou para
finalizar todo o projeto?
Sim. Levei 4 anos pra
chegar no projeto final. 2 anos de pré-produção (elaboração das ideias), 1 de produção (filmagens) e 1 de
pós-produção (edição e finalização). Foi
todo o tempo que fiquei na faculdade. Juntava a grana do trampo que nem louco
pra comprar os equipamentos que queria pra esse vídeo. A trilha sonora do
video, que é original, também levou um tempo pra ser finalizada. Me dediquei ao
extremo. Demorou mas saiu.
P&P - Como
foi à escolha dos skatistas que iriam participar do documentário? Na lista
tinha mais convidados ou quem foi chamado para participar, topou logo de
primeira?
Queria uma galera que
tivesse tanto um rolê style, quanto um conteúdo informativo pras entrevistas. A
experiência de cada um dos entrevistados fez a diferença. No vídeo você nota os
diferentes níveis de skate e ideias. Eu queria isso, mostrar diversidade.
Mostrar como eles se expressam e como interagem com a cidade. No começo tinham uns
8, mas tive que cortar 3 por indisponibilidade de tempo deles. Mas, os que
chamei, acharam foda a ideia e aceitaram de primeira. Fiquei bastante
satisfeito com a escolha.
P&P - Pelo
o que foi visto no teaser, existiu um
cuidado na fotografia dos Picos (locais) onde foram feitas as filmagens. Você
escolheu ou deixava o skatista livre pra decidir o melhor lugar pra manobrar?
Foi uma parceria minha
com o skatista. Gosto de trabalhar assim. Eu olhava o pico, via que dava uma
imagem massa, o skatista analisava, concordando ou não. Dependia da sua
aprovação. O contrário também rolava. Acho que quando se trata de video de
skate, tem que sempre existir essa parceria entre o videomaker e o skatista. É
um jogo de decisões em equipe: a forma como vai filmar, a manobra, a linha, o
obstáculo...tudo isso é analisado por ambos, e acho que isso que faz a
diferença na qualidade do produto final, essa junção de ideias e experiências.
P&P - Sabemos
que não é fácil filmar em rua, alguns fatores como o clima/tempo, pedestres,
seguranças e ladrões interferem nas gravações.
Sabendo disso, rolou algum stress de não filmar em algum lugar? Teve alguma
baixa durante as filmagens, alguém se machucou o algum equipamento foi
danificado?
Quando eu falo que esse
foi o trabalho mais insano que já fiz, não é mentira. É difícil explicar o quão
difícil foi todo o processo de filmagem. Foi meu primeiro documentário e video
de skate. Só quem participou, sabe como foi. Olinda realmente é uma cidade “bem
lostzinha” (salve CJ Bode). Tem seus pontos positivos e negativos, como
qualquer outra cidade. Mas o fato ser uma cidade histórica, dificulta muito a
filmagem e execução das tricks. A estrutura não é boa, tem muitos buracos,
muita areia. Salvo alguns locais. O descaso e a precariedade da administração
da prefeitura também conta. A gente saía de ônibus pros picos
(manhã-tarde-noite), com equipamentos na bolsa, que não são baratos, correndo o
risco de ser assaltado a qualquer momento. Foi tenso pra caralho. Graças a
Deus/Jah/Buda/Jesus/Tupã/Forças espirituais, ou seja lá o que for, que não
aconteceu nada de grave comigo, com os equipamentos ou com os skatistas durante
as filmagens. No video dá pra notar a dificuldade durante as gravações, mas no
final, creio que consegui um bom resultado.
P&P –
Qual foi sensação de ver a repercussão positiva que o teaser do documentário teve, sendo elogiado e compartilhado por
centenas de skatistas pernambucanos e também de outros estados, inclusive, indo
parar na fanpage do site Black Media?
É tudo muito louco. Pra
mim é um começo, um primeiro passo mesmo. A gente sabe que existe uma carência
na produção audiovisual de skate, não só em Olinda, como em Pernambuco todo. É complicado
fazer um video aqui, pq a gente que vive a coisa sabe das dificuldades de se
produzir um material de boa qualidade. Eu investi pesado nesse video. Me
sacrifiquei o máximo, fui até o meu limite mesmo. Creio que todo meu esforço em aprender a filmar, editar, andar
de skate e conseguir os equipamentos, teve um reflexo positivo, ainda mais com
o lançamento desse teaser. Acho que o reconhecimento do seu trabalho vem
naturalmente, através de cada gota de suor derramada. O fato de o teaser ter
sido bastante elogiado e compartilhado, só traduz ainda mais esse reflexo do
esforço. Creio que quem me conhece, sabe que me dedico ao extremo num trabalho,
viso primeiramente o material pronto e não a grana. Isso é de mim mesmo. De que
adianta receber rios de grana, se você não ajuda a comunidade em que tá
inserido? Não se entrega totalmente pra um trabalho de corpo e alma, visando
desenvolver o cenário em que você tá situado? Eu queria ajudar de alguma forma
a minha comunidade, a tribo que tô inserido, a ter voz, a mostrar que realmente
existe uma cena na região. Foi o meu foco. E acho que consegui de alguma forma.
Só agradeço de coração a todos que compartilharam a ideia, pois de alguma
forma, essas pessoas estão contribuindo para o fortalecimento, não só do
esporte aqui na região, mas também de toda uma cultura.
P&P - O
que você espera do lançamento oficial e o que o doc vai deixar de positivo para
o skate olindense?
Eu espero que tenha um
feedback positivo, que não dê nenhuma merda na hora da exibição hahaha. Querendo
ou não, acho que esse evento do dia 23 também representa um começo. Dificilmente
a gente vê uma première de um video local e acho que com essa iniciativa, novas
portas vão se abrir. Espero que com o lançamento deste video, apareçam novos e
mais produtores audiovisuais de skate na região, assim como cresça e se
fortaleça ainda mais essa cena em Olinda. Seria muito louco mostrar esse
documentário pra skatistas de outras regiões do Brasil. Imagina se Olinda vira
um pico rotineiro pra skatistas de peso de todo o país, apesar de todas as suas
dificuldades? Nunca se sabe né? Quero que esse doc seja exibido em festivais e
canais de televisão antes de ir pra net, visando divulgar ainda mais o nosso
cenário.
P&P - Para
finalizar, Olinda Flipa?
Apesar de todas as suas
dificuldades, flipa até demais meu caro.
Grande entrevista com o grande mano potato lost, hehe, muito bom ver alguém que se identifique com a nossa cena e faça um corre verdadeiro por nós, afinal, se não for nós por nós quem será? skatista que espera retorno sem esforço sem correr atrás pra mim é só skatista preguiçoso mesmo, as conquistas vem de acordo com a busca como Thiago mesmo falou ai na entrevista, fico muito feliz em encontrar alguém que tenha tanta vontade de fazer com que nosso skate seja reconhecido, que faça isso com amor e nobreza, no teaser já deu pra sentir que não foi mais uma brincadeira, Ty Evans era menino hahahah Só sucesso pra os nossos e que esse seja só o começo de um novo tempo pra nosso skate, que cá entre nós, já era hora né?! Abraço A P&P e a meu mano potato, todos por um causa, skateboard <3 Já deu certo e a tendência é melhorar, assim espero hehe o/
ResponderExcluirDo caralho a entrevista , nem parece que foi Batata que respondeu tendo em vista que ele era o mais caladão nos roles e o que menos falava (quase nunca) nas resenhas via internet.
ResponderExcluirEsse dia vai marca o nascimento de um novo cenário no skate olindense.
Parabéns a todos envolvidos
Tamo junto
Estou curioso para vê Tu Flipas, Olinda?!!!
ResponderExcluirLau